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quinta-feira, 22 de junho de 2017

Rebelião Contra A Desigualdade De Direitos Na França


Em 27 de outubro de 2006, dois adolescentes franceses, filhos de imigrantes, morreram em circunstâncias que ainda não foram esclarecidas. Diz-se que eles fugiam da polícia e acabaram em um beco sem saída, no final do qual existia uma subestação de eletricidade. Eles foram  eletrocutados. Um terceiro rapaz sobreviveu, mas com ferimentos graves. O rumor de que a polícia havia levado os dois à morte rapidamente se espalhou. Desde então, ocorreram distúrbios nas ruas todas as noites. Os manifestantes eram filhos de imigrantes da África do norte e subsaariana. A situação piorou quando o então ministro do Interior, Nicolas Sarkozy (Eleito Presidente em 2007) chamou as gangues de jovens de "escória" e "gentinha" , afirmando que deviam ser enfrentados com severidade. Durante doze noites consecutivas, recipientes de lixo e veículos foram queimados no departamento de Seine-Saint-Denis. Noite após noite, bandos de adolescentes percorreram os bairros atirando coquetéis Molotov em lojas e veículos-250 numa noite , 315 na outra , 500 na seguinte. As divisões na sociedade francesa hoje percorrem linhas étnicas e religiosas, e também refletem profundas diferenças culturais. O ideal da República Francesa- a nação como uma comunidade de cidadãos que desfrutam direitos iguais , independentemente de suas origens étnicas ou crenças religiosas - está dando lugar a uma coexistência volátil entre comunidades que querem manter sua identidade e viver de acordo com as próprias regras. A escola não consegue reduzir as desigualdades. As discriminações no que diz respeito ao acesso à moradia ou ao emprego são consideráveis. Os que se revoltam perguntam: de que adianta a educação se não é empregos? E declaram: "Nós queremos ser filhos da República de maneira plena e completa. O que nós não queremos é ser excluídos de maneira plena e completa. Nós queremos ser reconhecidos". A rebelião daqueles jovens na França foi dirigida contra qualquer coisa que lembrasse mesmo remotamente a autoridade do Estado. Eles estavam além da razão e ninguém - nem seus pais, nem os professores, muito menos as autoridades- conseguia alcançá-los. Os protestos de 2006 podem lembrar os de estudantes de 1968 , mas dessa vez os manifestantes não eram os estudantes universitários de vanguarda e seus líderes não eram intelectuais de esquerda; eram filhos de imigrantes que acreditaram que pudessem ser cidadãos iguais aos outros franceses.

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